A Importância da Socialização do Filhote

“Acho melhor meu cachorrinho não ter contato com o mundo lá fora, ele é tão pequenino e ainda não tomou todas as vacinas”. Esse geralmente é o pensamento e a preocupação dos tutores de filhotes.

Mas você sabia que existe uma fase, no crescimento e desenvolvimento cerebral do cachorro, onde ele está preparado para, digamos assim, investigar o mundo sem receio?  E quanto mais distante fica essa fase, mais difícil é para acostuma-lo às coisas novas?

Entre os dois e três meses as conexões neurais estão completas e o filhote está pronto para apreender as coisas do mundo.  Imagine que até essa idade, se estivesse em uma matilha, tudo que se aproximasse seria com a permissão e consentimento dos mais velhos e não apresentaria perigo. Depois o cachorrinho começa, para a própria sobrevivência, a ficar mais desconfiado e atento às suas investigações e interações.

Durante esse importante período tudo que o cão conhecer e associar a algo agradável poderá se relacionar bem para o resto da vida. O contrário também é verdadeiro. Por isso, qualquer que seja a novidade para o filhote, precisa ser apresentada gradualmente e ele deve se sentir seguro, pois se for algo assustador é possível desenvolver um trauma que pode durar a vida toda.  Por exemplo, filhotes que, sem querer, caem em uma piscina geralmente ficam com medo dela mesmo quando adultos. Ele deve ser exposto a sons, objetos, pessoas diferentes (etnias e idades), outros animais, locais e situações diversas com cautela, cuidado e associações positivas. Dessa forma se tornará um cão confiante e seguro para as situações da vida e poderá conviver mais e melhor com você e tudo a sua volta.

O isolamento durante esse período leva a redução do interesse e procura do contato com humanos e animais em geral. Isso pode ocasionar imaturidade, insociabilidade, comportamento anormal e estereotipado, agressividade por medo, deficiências na aprendizagem e reação vagarosa a novos estímulos.

Mas atenção às doenças! Devemos ter sempre muito cuidado, pois nessa época o filhote ainda não tomou todas as vacinas. Como fazer então? Nos locais onde ele não pode ficar no chão, para prevenir contaminação (na rua, por exemplo), você pode deixá-lo no colo, sem que tenha contato físico, mas apenas visual e sonoro. Não deixe de conversar com seu veterinário sobre esse assunto.

Lembre-se que saber interagir não significa gostar de interagir.

Ser sociável tem a ver com o temperamento inerente de cada cachorro, se ele gosta ou não da interação com outros seres e objetos. Claro que isso pode ser estimulado ou desestimulado, dependendo das experiências vividas, da condição de saúde, da idade e do contexto, fazendo com que o cão goste mais ou menos. Quem conhece e convive com mais de um cachorro sabe que tem aqueles que simplesmente adoram interagir e brincar com outros cães, pessoas e objetos, e aqueles que preferem ficar investigando o ambiente a se relacionar muito com os outros, ou ainda os que são mais seletivos dando preferência a alguns cães e pessoas.

Ser social é conhecer as regras de socialização, convivência e interação, quando e como se aproximar ou recuar, como demonstrar suas intenções, entender a comunicação corporal e expressiva entre os da sua espécie. Isso é aprendido desde que ele nasce, respeitando os limites apresentados pela mãe, e a hierarquia do grupo, ou seja, as regras do convívio social entre os cães. Acontece principalmente enquanto os filhotes estão brincando e por esse motivo é tão importante que o cachorrinho não seja separado da família biológica antes de 60 dias. Depois vem o aprendizado das regras de convivência e educação humanas e a grande importância em proporcionar uma socialização adequada ao cachorrinho.

Um cão pode ser apenas social, apenas sociável, as duas coisas ou ainda nenhuma das duas.

Uma das partes mais importantes e imprescindíveis na educação de um filhote é a socialização. Ela é fator determinante para que ele cresça seguro e saiba lidar de forma tranquila com as novidades e desafios que encontrará.

Pense sempre no bem-estar do seu “aumigo” em todas as situações pelas quais ele pode passar durante a vida!

 

Até a próxima.

Patricia Possa