Bronca não!

Quando iniciei minha trajetória no comportamento de cães e gatos, lá em 2008, usava uma série de estímulos aversivos para interromper comportamentos considerados inadequados. Borrifador com água, lata com moedas, biribas, extintor de CO2, trancos com enforcador…

Apesar de sua eficácia a curto prazo, pois na maioria dos casos o comportamento indesejado cessava quase de imediato, aquilo me causava um desconforto tremendo, mas não maior do que aos cães.

Por que causar dor, medo, desconforto e insegurança para o cão apresentar o comportamento definido como correto para o convívio social humano? Por que fazê-lo sentir-se mal para fazer o que eu desejo? Para mim, não fazia sentido.

Empiricamente percebia a longo prazo como um jato de água no rosto piorava um latido por ansiedade; um som assustador desencadeava o medo de fogos e trovões; um tranco aumentava a reatividade.

Conforme fui estudando e tendo mais embasamento científico sobre o assunto, aprendi que não estava realmente tratando a causa do chamado “desvio comportamental”, mas apenas uma consequência dele e, além de tudo, poderia estar piorando-o. 

Conhecimento traz consigo grandes responsabilidades.

Então fui extinguindo os estímulos aversivos da forma como me relaciono e educo os cães. Sei que isso é melhor para mim, mas principalmente para eles. E isso é o mais importante: o respeito e o bem-estar. 

Hoje trabalho com o conceito de Educação Positiva e as consequências são relações baseadas em empatia, confiança e respeito.

Não quero que o cão me obedeça.  Quero que aceite fazer o que peço porque para ele também é legal, vale a pena e é confortável. É a criação de uma relação colaborativa e não competitiva ou de poder.

Educar não é uma disputa para ver quem sabe mais, quem é melhor ou pior, não há ganhador e perdedor, mas seres sendo parceiros dentro de suas diferenças e buscando aprender juntos. Cada vez que o cão erra o tutor erra também e essa é uma ótima oportunidade para fazer novamente de outra forma.

 

Eu não mando, eu peço.

Eu não obrigo, eu convenço.

Eu não imponho, eu conquisto.

 

Lembre-se:

💡 Errar faz parte de aprender.

💡 Corrigir não é punir*.

💡 Punir* não ensina o certo.

💡 Corrigir é ensinar o certo.

 

E você está pronto para essa mudança?

 

*utilizando estímulos aversivos.